Com mais de duas décadas de experiência em start-ups de tecnologias de viagens, o nosso cofundador John Lambe está bem familiarizado com os altos e baixos do mercado. Esta semana, conversámos com ele sobre a criação da RoomsCo e como a nossa empresa está a crescer para fazer face à crise atual. Além disso, ele deu-nos a sua perspetiva sobre o futuro das viagens corporativas e alguns conselhos para start-ups de tecnologia de viagens a entrar no mercado.
1. O John está ligado a empresas de tecnologia de viagem há mais de duas décadas. Conte-nos um pouco mais sobre o seu percurso no setor, como começou e como chegou aonde está agora.
Depois da universidade, em 1989 comecei a trabalhar em sistemas de companhias aéreas como Engenheiro de Software na Westinghouse em Dublin. A partir daí fui trabalhar numa pequena empresa – Datalex – em 1995 quando tinham cerca de 20 colaboradores. A Datalex tornou-se líder em software de ecommerce para o turismo no início da era da internet.
A Datalex cresceu a sua equipa para mais de 500 colaboradores, fez várias aquisições e foi a última empresa de tecnologia a ser listada publicamente na Nasdaq antes da crise ‘Dot Bomb’ de 2000. Saí da Datalex em 2002 para cofundar a Openjaw Technologies e desenvolver sistemas que tiravam partido da abertura da distribuição de viagens e do surgimento de novos regulamentos da OpenTravel, uma organização de normas com a qual eu estava bastante ligado.
A OpenJaw cresceu e tornou-se um dos principais fornecedores de tecnologia de viagens e foi vendida à Travelsky, uma empresa de distribuição de viagens chinesa. Depois disso, passei alguns anos na Cidade do Cabo a trabalhar com a Travelstart, a maior agência de viagens de África, e depois mudei-me para Portugal onde eu e a Daniela criámos a RoomsCo.
2. Como surgiu a ideia para criar a RoomsCo e quais eram os seus planos e intenções originais para a empresa? Estes mudaram desde então?
A RoomsCo surgiu porque identificámos problemas com os processos existentes de contratação e reservas de hotéis pelas empresas o que fazia com que pagassem preços mais elevados do que necessário.
A nossa intenção inicial era que a RoomsCo fosse uma empresa inteiramente online, mas as particularidades do mercado português tornaram importante ter um serviço de contacto pessoal também. A empresa tem evoluído desde então de acordo com as necessidades dos clientes e temos agora um foco grande em alojamento de curta e longa duração para colaboradores em viagens internacionais.
3. Como todos sabemos, o setor do turismo foi um dos mais afetados pela pandemia da COVID-19. Pode contar-nos qual foi o impacto na RoomsCo e que decisões tomaram para conseguir sair desta crise?
Como todas as empresas ligadas ao turismo, a RoomsCo tem sido afetada pela redução das viagens durante a pandemia. No entanto, o tipo de viagens no qual nos focamos tem sido menos afetado em comparação ao turismo de lazer, eventos, e outros setores. A pandemia também aumentou a procura de soluções de alojamento local para funcionários em viagem como uma alternativa aos hotéis, para que tenham um espaço mais privado com a possibilidade de cozinhar, etc. A RoomsCo tem agora uma equipa dedicada a encontrar apartamentos e casas.
4. E falando de COVID-19, quando prevê a retoma das viagens corporativas em números mais significativos e o que acha que será diferente?
Penso que a recuperação será gradual à medida que a normalidade retorna a diferentes países. Prevejo que haverá menos voos e menos hotéis à medida que os fornecedores retomam a sua capacidade de forma gradual e poderá levar algum tempo até esta capacidade voltar aos níveis pré-pandemia. A longo prazo, haverá mais risco associado ao investimento em projetos de turismo o que poderá levar a menos investimento, menor capacidade e preços mais elevados.
5. Por fim, dada a sua vasta experiência no setor, que conselhos tem a dar às start-ups de tecnologia de viagens neste momento?
Saibam qual o problema que estão a tentar resolver e certifiquem-se de que é um problema real para o vosso cliente ideal. Assegurem-se de que têm um modelo de receitas e um plano de marketing robustos. Ter uma tecnologia ótima ou um site fantástico não é garantia de sucesso a não ser que os vossos potenciais clientes conheçam o vosso produto e comecem a usá-lo. Contem com um caminho para o sucesso ainda mais longo dados os desafios atuais.